Ifes conquista segunda patente verde com tecnologia que promove uso sustentável da água na agricultura
Desenvolvido no Campus Itapina em parceria com microempreendedor, o equipamento reduz consumo de água e energia na higienização de lavagem de raízes e tubérculos.
O Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) conquistou segunda patente verde, concedida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) na última terça-feira, 06/05. A invenção, intitulada Equipamento de Higienização de Rizomas, Raízes, Colmos, Tubérculos e Similares, foi desenvolvida no Campus Itapina, dentro do programa Fortalecimento da Agricultura Capixaba (FortAC) e em parceria com o microempreendedor de máquinas agrícolas, João Paulo Klemz.
A tecnologia patenteada destaca-se pela capacidade de reutilizar a água durante a higienização, ao reduzir o consumo hídrico comparado a métodos tradicionais, que podem ultrapassar 11 mil litros por apenas 40 caixas de produtos. Além disso, o equipamento promete priorizar o uso racional de energia elétrica e melhora as condições ergonômicas para os operadores. O fruto de um projeto estadual coordenado por mais de 18 profissionais desde 2022, a invenção atende especialmente aos pequenos produtores rurais brasileiros.
Segundo o inventor e professor do Ifes, Raphael Moreira, a ideia surgiu a partir de investigações do professor do Ifes Sávio Berilli e a equipe de inventores sobre a cadeia produtiva do gengibre no Espírito Santo. “A gente identificou que a lavagem do gengibre acontecia de forma muito rudimentar, sem precisão. Então, partimos de quatro a cinco modelos que os produtores utilizavam e fizemos um estudo comparativo, com base inclusive em patentes chinesas e indianas, onde o volume de produção é alto. A partir disso, desenvolvemos uma máquina que realmente trouxesse eficiência e homogeneidade ao processo”, explicou.
A nova tecnologia apresenta um sistema duplex com duas peneiras circulares. A primeira realiza a lavagem inicial com água recirculada, que retira as sujidades mais grosseiras; a segunda, localizada na parte superior do equipamento, realiza o enxágue com água limpa, respeitando exigências sanitárias e permitindo a exportação do gengibre com maior qualidade. “Essa configuração reduz em até 70% o gasto de água do produtor rural”, destacou o professor.
Apesar dos avanços, o caminho até a patente não foi simples. Um dos maiores desafios enfrentados pela equipe foi a falta de estrutura física para construção dos protótipos dentro da instituição. “Tínhamos a ideia e o projeto desenhado, mas faltava a estrutura para construir a máquina. Como o objetivo do projeto FortAC é gerar resultados concretos e entregas eficientes, vimos a necessidade de buscar uma empresa parceira. Encontramos uma que já possuía conhecimento na construção de lavadores de gengibre e, a partir disso, conseguimos integrar a nossa proposta com a experiência prática do fabricante. Essa colaboração permitiu incorporar toda a expertise técnica da empresa aos nossos protótipos”, relatou.
Além do avanço técnico e institucional, a conquista também representa um importante projeto de formação acadêmica. “Essa patente contou com a participação de alunos de graduação. Contamos com mais de sete bolsas de iniciação científica e com um trabalho de mestrado diretamente envolvidos no desenvolvimento. Foi um esforço coletivo, com um grande número de pessoas contribuindo para a construção desse resultado”, concluiu o professor.
Veja os dados da patente:
BR 102024012212-7
Depósito: 15/06/2024
Concessão: 06/05/2025
Títular: Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Espírito Santo; João Paulo Klemz.
Título: Equipamento de Higienização de Rizomas, Raízes, Colmos, Tubérculos e Similares
Inventores: Raphael Magalhães Gomes Moreira; Larissa Haddad Souza Vieira; Sávio da Silva Berilli; Ana Paula Candido Gabriel Berilli; Luciano Menini; Thais Vianna Silva; Antonio Fernando de Souza; Jhonatan Livan dos Santos Conceição; Humberto Henrique Ramos Brotto; João Paulo Klemz; Ana Clara Gomes Pereira.
Patente Verde
O programa Patentes Verdes, do INPI, tem como objetivo fomentar o desenvolvimento de tecnologias sustentáveis e contribuir para o enfrentamento das mudanças climáticas globais. A iniciativa acelera o exame de pedidos de patente relacionados ao meio ambiente, ao promover a identificação de soluções inovadoras com potencial de aplicação imediata na sociedade. Além disso, estimula o licenciamento dessas tecnologias e fortalece a cultura da inovação no país.
Agifes
O professor também destaca o apoio da Agência de Inovação do Ifes (Agifes) para viabilizar o processo de patenteamento. “Tenho experiência na construção de patentes, mas sabemos que as normas e exigências do INPI passam por constantes atualizações e nem sempre conseguimos acompanhar tudo. Nesse sentido, o apoio da Agifes foi crucial. A equipe, composta por servidores e bolsistas capacitados, contribuiu na revisão e finalização do texto, identificando pontos que já estavam desatualizados e ajustando trechos que estavam muito rudimentares. Eles também cuidaram de toda a parte burocrática, como a preparação da documentação, o depósito e o pagamento das taxas junto ao INPI”, pontuou.
A Agência de Inovação do Ifes (Agifes) tem, entre suas atribuições, atendimentos e depósitos das produções intelectuais no âmbito da instituição. Para comunicar uma invenção ou obter o suporte da Agifes, entre em contato pelo telefone 27 3357-7542 ou pelo e-mail agifes.pi@ifes.edu.br.
Para saber mais, acesse: agifes.ifes.edu.br.